Suspeito de incitar violência na web já tinha condenação por racismo


O homem, de 26 anos, foi alvo de ação penal ajuizada pelo Ministério Público do DF em agosto de 2005. A corte ministerial alegou que ele disseminou ideias racistas e incitou a violência contra negros e afrodescendentes em um site de relacionamentos.


Ao defender posição contrária ao sistema de cotas da UnB, o suspeito chamou negros de “macacos subdesenvolvidos”, “ladrões”, “sujos”, “pobres” e “malandros”.

Na época da ação do Ministério Público, o suspeito era calouro do curso de letras bacharelado em língua japonesa na UnB. A assessoria da universidade informou que ele ingressou em 2005, mas foi desligado em 2006 por abandonar o curso.

A promotora de Justiça que elaborou o texto da ação penal, Laís Cerqueira Silva, disse que as afirmações racistas  começaram em uma discussão sobre o sistema de cotas para afrodescendentes nas universidades públicas.
"Ele usava palavras baixas, dizendo, por exemplo, que os negros ficam roubando 'nossas' vagas na universidade. A discussão estava ocorrendo baseada em argumentos até ele chegar com piadas agressivas e xingamentos. Ele ofendia os negros de uma maneira geral, como se fossem menos capazes do que os brancos, e foi isso que caracterizou o crime de racismo."

Na avaliação da promotora, a Justiça brasileira ainda encontra dificuldades para lidar com crimes de intolerância praticados na internet.
"Na época da ação penal, ele não se preocupava em esconder a identidade. É muito mais fácil trabalhar com um roubo ou com um furto, quando você consegue identificar mais facilmente o autor. A gente tem órgãos especializados que investigam esse tipo de crime, mas ainda não temos tanto preparo para lidar com esses casos, a não ser que a pessoa se identifique. A gente ainda está engatinhando", afirmou.

Em janeiro deste ano, o reitor da UnB, José Geraldo de Sousa, pediu que o MP e a PF investigasse as ameaças a funcionários e estudantes do departamento de Ciências Sociais da universidade postadas em um blog. Nesta quinta, a PF informou que a página era administrada pelos dois homens presos em Curitiba.

A página, que está hospedada em domínio internacional, traz críticas a professores e estudantes de humanas, chamando-os de “câncer” e “parasitas”.

Há ainda uma foto de duas submetralhadoras acima da frase “Departamento de Ciências Sociais da UnB, nos aguardem, Wellington agora irá para a universidade”.

De acordo com o mandado de prisão preventiva, “a manutenção dos investigados em liberdade é atentatória à ordem pública”. Não cabe fiança e os suspeitos devem ficar detidos até o julgamento.

Segundo nota divulgada pela Polícia Federal, o Núcleo de Repressão aos Crimes Cibernéticos recebeu inúmeras denúncias relacionadas ao conteúdo discriminatório do site administrado pela dupla.

Em nota, a ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, parabenizou a PF pela operação e afirmou que as investigações se basearam em denúncias oferecidas pela Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos e pelo Conselho Nacional LGBT.



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